20 setembro 2008

Lixo

** Sobre o que não serve pra gente - 18/03/06 **

Lixo (Henrique Corrêa)

Mandei para o escuro vazio do universo
Tudo aquilo que me desagrada
Ainda restou muita coisa pra viver

E todos os dias aparecem desgraças novas
Então eu descobri que não é só jogar fora
A lixeira do coração é a alma
E não cabe muito
Não existe um incinerador

Não dá pra esquecer
Nada foi feito para se esquecer
Mesmo jogando fora objetos
Mesmo queimando as velhas fotos

Tudo que um dia já foi bom
Fica guardado com a esperança do retorno
E mesmo quando não queremos que retorne
Esperamos, o que já foi bom, de outros
Não adianta se esconder, nem se mudar
Nem adianta enlouquecer

O que outras pessoas podem fazer por mim
É continuar a balançar o meu coração
Em uma constante mistura de sentimentos
Que, espero eu, não precise mais jogar fora

2 comentários:

  1. te imagina com 80 anos...foda né - tantas lembraças de desgraças e tragedias e de amores e dores...assim é a vida...nao é possivel esquecer e é impossivel perdoar...voce apenas recolhe o sentimento...eu queria esquecer muitas coisas que vivi mas de que adiantaria? por ter ficado sem pregas eu aprendi e com estas liçoes sobrevivo hoje no meio do "lixo" que é a pseudo sociedade de consumo brasileira -= nada vale muito desde que se invente uma valor para nada...o lixo...os buracos negros...tudo que vai tem volta.. abraços

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  2. Andre,

    O "lixo" é o fim de tudo o que tentamos jogar fora, mas descobrimos depois que não jogamos, apenas deixamos de outra camada de lixo por cima, e mais outra, e outra. No fim, é tudo lixo.

    Obrigado por participar.

    Forte Abraço

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